O relógio biológico está relacionado à produção hormonal e, caso sofra alterações no ritmo natural, pode aumentar as chances da pessoa desenvolver diabetes tipo 2.
A descoberta acaba de ser divulgada por pesquisadores da Universidade Northwestern (EUA), sob comando de Joseph Bass.
Os cientistas constataram que o funcionamento das células do pâncreas, ligadas à produção de insulina, está sujeito a interferência pelo ciclo natural de dia e noite, chamado de ciclo circadiano.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, responsável por controlar a taxa de açúcar no sangue. Alterações na produção deste hormônio podem desregular o nível de glicose (açúcar) no organismo, favorecendo o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Experimento
Os pesquisadores norte-americanos cultivaram células de rato em laboratório para monitorar a secreção de insulina. Eles verificaram que as células têm um gene ligado ao ciclo circadiano.
Células sem esse gene apresentam uma produção hormonal 50% menor, aumentando o risco de diabetes tipo 2. Logo, o gene é apontado pelos cientistas como essencial para que a insulina seja secretada de forma adequada.
Partindo disso, os pesquisadores sugerem que alterações do relógio biológico possam afetar as células e prejudicar a produção hormonal.
O estudo foi apresentado na publicação científica Nature.
Dia e noite
Não é a primeira vez que essa relação é sugerida. Há cinco anos, um estudo realizado pelo governo do Reino Unido constatou que o risco de diabetes e de doenças cardíacas é maior em pessoas sofrem alterações constantes em seu turno de trabalho. O estudo constatou ainda que esses trabalhadores apresentam mais cansaço e mais desatenção, o que aumenta as chances de acidentes.
Ritmo dos hormônios
Já é sabido pela ciência que outro hormônio ligado ao controle de glicose sofre interferência do relógio biológico. É o cortizol. Ele pode ter sua produção alterada, caso a pessoa desrespeite o ciclo circadiano.
O cortizol é produzido pela glândula supra-renal e controla a resposta ao estresse físico. Isso significa que ele pode alterar a pressão arterial e a quantidade de açúcar no sangue.
“Quando acontece uma alteração no ritmo do hormônio, aumenta a disponibilidade de glicose no sangue”, explica Ruth Clapauch, endocrinologista e membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
No caso dos homens, alterações no ciclo circadiano afetam também a produção de testosterona. “Esse hormônio está ligado à sensibilidade do organismo à glicose”, explica a médica. A testosterona melhora a entrada de glicose nas células. Quando há queda deste hormônio, o homem tem menos açúcar absorvido.
Futuro
O próximo passo dos cientistas norte-americanos é identificar a “chave” das células responsáveis por responder ao relógio biológico. Com isso, em tese, seria possível desenvolver novos tratamentos contra diabetes.
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