Se você quer ajudar a sua filha jovem a evitar demência no futuro, um novo estudo sugere que pode ser uma boa ideia mandá-la brincar lá fora.
Pesquisadores canadenses acreditam ter achado uma ligação entre exercícios na adolescência e a incidência de problemas mentais em mulheres com idade avançada.
O estudo não prova de maneira definitiva que exercícios reduzem o risco de demência. E a pesquisa é baseada apenas na recordação de mulheres mais velhas sobre a própria infância, sendo que algumas delas têm sinais de demência.
Mesmo assim, a descoberta sugere que “atividade física na juventude é importante para a saúde na terceira idade e, em particular, para a prevenção de problemas cognitivos. Quanto mais cedo se começa a ser ativo fisicamente, melhor”, disse a autora do estudo, Laura E. Middleton, pesquisadora do Centro de Ciências da Saúde de Sunnybrook, em Toronto.
Cientistas tentam documentar uma ligação entre exercícios e demência em idades avançadas na esperança de compreender como a atividade física afeta o cérebro. O novo estudo foi elaborado para investigar como exercícios na juventude podem afetar mulheres com idade avançada.
Aplicação de questionários
Mais de 9.300 mulheres foram entrevistadas nos Estados Unidos. Elas responderam questões relativas à prática de atividades físicas antes dos 18 anos e aos 30, aos 50 e em idades mais avançadas. Todas tinham mais de 65 anos, sendo que a mais velha tinha 72. O resultado aparece na edição de 30 de junho do “Journal of the American Geriatrics Society.”
Algo entre 15% e 30% delas reportaram inatividade física. Exercícios praticados antes dos 18 anos parecem ser os mais influentes. Perto de 17% das mulheres que reportaram nenhuma atividade nesta época tinham sintomas de demência, enquanto o índice era de apenas 8,5% nas outras idades.
Os pesquisadores ajustaram suas estatísticas para que elas não fossem prejudicadas por fatores como peso e idade. Depois disso, as voluntárias que se exercitavam quando crianças ainda eram 30% menos propensas a demonstrar sinais de demência.
Os pesquisadores não sabem se exercícios na infância levam diretamente a uma redução da demência, uma vez que outros fatores podem influenciar, como as opções alimentares da pessoa. E se exercitar na infância, como brincar na rua, pode influenciar no padrão de prática de atividade física no decorrer da vida, disse Middleton.
Se há uma relação de causa e efeito entre exercícios na juventude e menos declínio mental, a pesquisadora afirma que pode haver algo para se fazer com a habilidade do cérebro de mudar e desenvolver sinapses. É possível também que exercícios levem a uma redução na obstrução dos vasos sanguíneos do cérebro, acredita a pesquisadora.
Só não está claro se homens podem se beneficiar da mesma forma. O estudo investigou apenas mulheres e pesquisas anteriores tinham sugerido que elas se beneficiam mais de exercícios do que homens.
Para Greg Cole, um pesquisador do cérebro que conhece os resultados do estudo, os cientistas estão interessados nos benefícios do exercício quando se trata do declínio das atividades do cérebro. Mas eles estão focados no estudo de idosos, em vez de se voltarem à infância. Cole comenta que a confiabilidade do estudo se baseia na memória de idosos, o que pode ser questionável.
Apesar disso, Cole acredita que a prática de exercícios na infância pode influenciar o comportamento na vida adulta e também trazer os mesmos benefícios que os exercícios apresentam na vida adulta. Cole leciona neurologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.